Apesar de complicado, o isolamento social veio para unir (ainda mais!) a família e fazer com que os momentos juntos sejam especiais. Saiba como driblar as dificuldades e entender o que as crianças estão tentando te dizer.
Para lidar com a situação, é importante mostrar respeito, ter bom senso e ser transparente ao ouvir sobre os sentimentos do seu filho. Grace Falcão, psicóloga, terapeuta de família e educadora parental, explica que é necessário entender o que as crianças querem dizer, mesmo que sejam com atitudes em vez de palavras: “Infelizmente muitas famílias não dão importância, e até desmerecem, as emoções dos filhos. Mas o que esses pais precisam entender é que as crianças têm sentimentos assim como os adultos. Elas são como esponjas, atentas e inquietas com tudo ao seu redor, além disso, elas são muito sensíveis. Por isso é fundamental prestar atenção nas emoções dos filhos, principalmente das crianças pequenas, que ainda não possuem maturidade suficiente para se expressar”.
De acordo com o Núcleo Ciência pela Infância (NCPI), a pandemia trouxe também algumas dificuldades funcionais e comportamentais nas crianças. No estudo preliminar, realizado em Shaanxi, na China, 320 crianças e adolescentes de 3 a 18 anos foram ouvidos. Destas, 36% apresentaram uma maior dependência dos pais, 32% teve desatenção, 29% se mostrou mais preocupada, 21% problemas de sono, 18% a falta de apetite, 14% pesadelos e 12% o desconforto e agitação ao longo do dia.
No Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro, Érika Fernandes, mãe de Lara, de cinco anos, e Maitê, de um, também precisou lidar com a dependência da filha mais velha ao voltar para o trabalho presencial: “Com a flexibilização da quarentena no Rio, estou retornando para o trabalho aos poucos. Na primeira semana que precisei trabalhar fora, a minha filha mais velha não gostou da ideia. Chorou e pediu para eu ficar em casa. Fiquei com o coração apertado, né? Eu e meu marido sempre trabalhamos fora e tivemos a ajuda de uma cuidadora em casa, mas foram três meses de quarentena, que eu ainda pude emendar com a licença maternidade da minha filha mais nova. Acredito que o retorno ao trabalho foi uma ruptura muito grande para a Lara, que já estava mais do que acostumada em ficarmos grudadinhas todos os dias”, desabafou.
Mas afinal, o que é a memória afetiva?
São as lembranças que irão surgir por causa de elementos sensoriais e emocionais. Elas podem aparecer a partir de sabores, cores, cheiros, ou ainda sons de coisas que já aconteceram e se tornaram marcantes. É também a memória sinestésica, capaz de lembrar do período da infância, ou da adolescência, trazendo um sentimento do passado para o tempo presente.
Como posso ajudar na criação da memória afetiva?
Apesar de parecer complicado, trazer essas lembranças para o seu filho pode ser mais simples do que parece! Para ajudá-lo, você pode passar mais tempo com ele – desde que seja de qualidade, participar da vida escolar, ler um livro na hora de dormir, cantar junto e até mesmo compartilhar refeições em família. Basta usar a criatividade para tornar um momento o mais especial possível!
Meu comportamento pode influenciar nos sentimentos do meu filho?
Sim, mas nada de pânico! Grace Falcão explica que é importante olharmos para nós mesmos e analisar as emoções e reações que passamos para as crianças, mesmo sem perceber. “Precisamos ficar atentos com a percepção que os pequenos têm de nós. Se os pais passam tranquilidade e conseguem conter as suas emoções, os pequenos também vão se autorregular. O comportamento dos pais vai influenciar muito na forma como as crianças reagem à pandemia e ao isolamento social e como superam esses traumas”, comenta a terapeuta.