Estamos vivenciando um momento peculiar e complicado, no
qual fomos obrigados a alterar boa parte da nossa rotina para colaborar no
combate à epidemia do COVID-19. Nesse cenário, o “novo normal” demanda
responsabilidade e mas especialmente, disciplina no ensino remoto dos
estudantes para manterem um bom ritmo e qualidade de estudos em tempos de
pandemia.
Tais características de comportamento sempre foram, são e
continuarão sendo importantes na rotina escolar, pois promovem o bom andamento
das aulas, do processo de aprendizagem e até mesmo a formação de cidadãos mais
conscientes e civilizados. Mas, em um momento de transição forçada para o
ensino a distância, elas passaram a ser primordiais.
Isso porque as crianças e os jovens não tiveram a
oportunidade de se adequar à situação de manter uma rotina de estudos pesada em
casa, um ambiente no qual eles estavam acostumados a brincar e relaxar –
estando muito mais expostos a distrações, como TV, celular, computador,
brinquedos, cama, sofá, entre outros.
Do outro lado, os educadores e as escolas também não tiveram
o tempo adequado para preparar essa transição do ensino presencial para o EaD
da melhor forma, sendo normal a presença de diversas dúvidas. Pensando nesse
panorama conturbado e em ajudar toda a comunidade escolar, preparamos nesta
matéria algumas dicas de como estimular e desenvolver a disciplina e a responsabilidade
nos alunos durante a pandemia e o ensino remoto.
Os aprendizados desejados com o ensino remoto
Não há dúvidas de que a disciplina é uma ferramenta
essencial para que o ensino seja conduzido de maneira eficiente, tanto do viés
do educador quanto da perspectiva do estudante. É primordial que exista um
conjunto de regras claras, justas e objetivas para que sejam estabelecidos
relacionamentos respeitosos e saudáveis.
Embora isso possa parecer muito mais prático dentro da sala
de aula, caso não exista no ensino a distância, pode comprometer, e muito, o
desempenho do processo de aprendizagem. De maneira geral, as crianças e os
jovens não estão acostumados a ter jornadas mais longas de estudo no
computador, em dispositivos móveis ou em aparelhos de televisão.
Se por um lado isso oferece mais brechas para a desatenção,
por outro pode ser uma grande oportunidade de desenvolver algumas importantes
habilidades socioemocionais. E é este o foco que devemos dar para a situação,
tratando-a com o viés positivo. Com as aulas remotas e o distanciamento social,
os estudantes podem:
Ter mais disciplina com suas tarefas mesmo sem a supervisão
de adultos.
Aumentar a sua responsabilidade sobre seus compromissos.
Gerenciar o seu tempo de maneira mais eficiente.
Concentrar-se de maneira mais adequada para a realização de
diferentes tipos de atividades.
Ganhar mais motivação para alcançar seus objetivos pessoais.
Aumentar sua autonomia em decisões pessoais e de estudo.
Com o fim da quarentena, o ideal é que os estudantes estejam
mais preparados para encarar suas tarefas diárias com maior confiança, gerindo
seu tempo e estando melhor adaptados a momentos de crise.
Vale ressaltar ainda que a construção dessas habilidades não
pode ser levada apenas por um dos integrantes da comunidade escolar. Ela é um
processo compartilhado por todos, de gestores e coordenadores a professores e
alunos.
Dicas para desenvolver disciplina e responsabilidade no
ensino remoto
1. Promover aulas de responsabilidade social
O distanciamento social é um dos maiores exemplos de
responsabilidade coletiva que podemos ter. Grosso modo, nós nos obrigamos a
permanecer afastados unicamente pela preocupação com as outras pessoas, seja
para reduzir a proliferação da doença ou para garantir que as unidades de
atendimento à saúde não estejam superlotadas para aqueles que delas precisarem.
Portanto, este é um excelente gancho para encaixar aulas de
responsabilidade social dentro das programações do ensino remoto, preconizando
o senso de grupo, a conduta orientada ao coletivo e a prática da empatia, que
combinados serão alicerces sólidos para a construção de uma sociedade mais
igualitária e solidária.
2. Definir regras em conjunto
Inevitavelmente existe uma hierarquia entre professor e
aluno, dentro ou fora da sala de aula, o que em métodos mais tradicionais
implica a imposição de regras por parte do educador. Essa premissa não deve ou
precisa ser extinta, mas isso não significa que ela não possa ser permissiva para
a colaboração dos estudantes.
O diálogo é um caminho efetivo para a construção do bom
relacionamento não só entre professor e aluno, mas também entre os próprios
estudantes. Por isso, uma prática interessante é estabelecer as regras de como
as aulas remotas acontecerão, as entregas das atividades serão realizadas,
entre outras peculiaridades, com a participação das crianças e dos jovens.
A ideia não é que eles definam tudo livremente e como bem
entenderem, mas na medida do possível o professor pode oferecer algumas opções
para que eles escolham como preferem que a dinâmica de aula aconteça e escutar
sugestões de possíveis alternativas. Essa participação com certeza aumentará o
engajamento dos alunos durante esse período.
3. Estabelecer a disciplina também em conjunto
O educador deve aproveitar esse momento de definição
colaborativa da condução das aulas a distância para colocar em evidência a
contrapartida: o que acontecerá caso os combinados não sejam cumpridos.
Aqui a participação de todos também pode ser muito
construtiva e garantir a maior adesão ao que foi estabelecido como regra –
inclusive, muitas vezes os próprios colegas cobram aqueles que estão
desvirtuando as aulas remotas.
É importante apenas que tudo fique muito claro, pois os
alunos precisam entender com clareza tudo aquilo que podem ou não fazer,
evitando tumultos e brincadeiras inapropriadas e reforçando o respeito e a
colaboração, o que os implicará (de forma justa e comedida, é claro) caso
adotem condutas contrárias.
4. Preparar aulas adequadas ao ensino remoto e a distância
Independentemente se a sua escola adotou o modelo de ensino
a distância ou remoto (entenda a diferença aqui), as aulas precisam ser
preparadas para essas modalidades, e não simplesmente transpostas da sala de
aula presencial para as plataformas virtuais. Isso fará com que as dinâmicas
empregadas nas atividades sejam mais interessantes, prendendo mais a atenção
dos alunos e, assim, facilitando que a disciplina seja mantida.
Aproveite as tecnologias educacionais para disponibilizar
conteúdos mais interativos, extrapolando as tradicionais aulas meramente
expositivas. Use e abuse de vídeos, infográficos, animações, podcasts, livros
digitais, tours virtuais por museus e pontos turísticos, enfim, usufrua do que
de melhor a internet pode oferecer.
5. Investir no
protagonismo e na autonomia
Ainda no que tange à adoção de tecnologias educacionais,
elas têm grande potencial de promover a autonomia e disciplina no ensino remoto
dos estudantes durante seus estudos, consequentemente aumentando o seu
protagonismo no processo de ensino-aprendizagem – que são premissas básicas das
chamadas escolas inovadoras.
Quanto mais o estudante tem a oportunidade de participar
efetivamente da formulação do seu processo de aprendizagem, maiores serão os
resultados alcançados no desenvolvimento de habilidades cognitivas e
socioemocionais. Pensar em dar mais espaço para isso nesse período é garantir o
menor impacto do distanciamento no desempenho escolar das crianças e dos
jovens.
FONTE: SAE DIGITAL. Disciplina no ensino remoto-Como desenvolver nos alunos. Disponível em:
https://sae.digital/disciplina-no-ensino-remoto/. Acesso em 06 de Jul. de 2020