As crianças vêm ao mundo como um livro em branco e têm os
pais como principais exemplos. Por isso, é fundamental que você ensine essa
questão. Nesse sentido, não basta falar, é preciso fazer. “A partir do momento
em que a criança vê você fazendo diferença (de cor ou qualquer outro aspecto)
entre as pessoas, ela irá reproduzir isso, mesmo que seu discurso seja
contrário”, afirma a professora Daniela Generoso. Coerência, mãe de Pedro e
Daniel, é tudo na educação das crianças.
Resumindo: se você tiver práticas racistas, o seu filho
também irá adotar, mas se você for respeitoso em relação às diferenças, o seu
filho também será mais tolerante. Não tem segredo, para criar um cidadão
consciente do seu lugar e privilégios, você precisa descobrir os seus. O
racismo está tão enraizado que aparece das formas mais banais no dia a dia e a
especialista dá alguns exemplos: alisamento do cabelo, dizendo que uma roupa
não cai tão bem com o tom de pele, reproduzindo o discurso: “Coisa de preto”.
As crianças são o que vivem e a representação social é fundamental para mudar a nossa realidade. Se ela não aparece o suficiente nas novelas e séries, vale buscar na leitura, como por exemplo, falar sobre escravidão e como isso não deve se repetir. Nesse sentido, a identificação é fundamental. As profissionais sugerem presentes representativos, como bonecas negras. “A geração antiga cresceu com a Barbie, modelo branca, magra e rica. Então a criança começa a desenvolver que esse é o padrão, isso que é felicidade. Nós precisamos promover o maior bioconjunto de diversidade”, completa Daniela.
As duas enfatizam a importância de autoaceitação para poder
aceitar o outro. “As crianças vivem em um mundo em que ser diferente é normal e
nenhuma das diferenças tornam as pessoas menos importantes ou capazes do que
elas”, opina Ellen. E é papel dos pais repassar isso. Mostrar que a cor de pele
não é nada mais do que isso, diferença de tom. Caso o filho veja uma
manifestação racista fora de casa, vale orientar e mostrar que aquilo é errado.
A psicóloga diz isso com todas as letras, em qualquer forma
de preconceito, compartilhando uma situação pessoal: “Meu filho viu uma colega
dizer que um homem era feio por ser gordo e respondeu: ‘De jeito nenhum. O
homem não é feio só porque comeu muito. Ele é muito bonito, olha o cabelo
dele’. Me orgulhei muito”. A escola também pode ajudar no processo,
incentivando a comunicação e integração de crianças de todos os gêneros, tons
de pele e qualquer outra situação, “porque é justamente ali onde começa a haver
a segregação”.